quinta-feira, 17 de dezembro de 2009

Violada


É assim que eu me sinto neste momento.

Acabei de saber que destruiram o meu mundo, provavelmente o único sítio que era meu, o único sítio onde podia estar a sós com os meus pensamentos... sem ser julgada, sem ter que medir as palavras, sem ter que medir os meus sentimentos...

Traída por alguém a quem eu pedi encarecidamente que me respeitasse...

Este blog está encerrado.

Vou continuar a passear pelos vossos cantinhos e, esperemos que a rir muito convosco, vou continuar a comentar (espero que não levem a mal).

Aqui as palavras morreram de uma vez por todas :(

So me apetece chorar, por todos os motivos e mais alguns...


Não tinhas o direito....

quarta-feira, 16 de dezembro de 2009

Há momentos assim...


A lareira está acesa.

Além da luz do meu candeiro, a sala encontra-se iluminada apenas por esta chama doce e pelas luzes tremeluzentes da árvore de natal.

Fico aninhada num canto do sofá, o meu cobertor, o meu livro e o meu leite com chocolate quente por companhia.

Que doce sensação, que calor reconfortante, que paz... O silêncio é quebrado pelas notas penetranates de Mozart no seu melhor.

Sinto-me derreter, entrar num mundo que não é bem o meu.

O livro desliza naturalmente para segundo plano.

Observo as sombras que bailam em todos os objectos, formam-se e dissolvem-se a seu tempo.
Sinto o cheiro da lenha a queimar, aroma que me transporta para o passado, para aquele tempo em que tudo era possível.

Oiço a lenha a crepitar, oiço aqule barulho caracteristico do fluxo de ar que sobe pela chaminé.
Passo a mão casualmente pela página aberta, o livro é um "paper back" com teixtura granular, daqueles que tem uma cor ligeiramente amarelada e cheiro a papel.

Não estou em mim, ou talvez me encontre perdida em mim... não sei...

Os sentidos captam as coisas duma forma ligeiramente diferente do habitual, basta uma pausa, basta descontrair para que tudo o que é normal e corriqueiro se torne numa pequena dádiva...

Como que para partilhar deste momento, chega o gato, emite um miado baixo e languido. Dá-me uma marradinha nas pernas e salta para se aninhar ao meu colo. Ficamos ali, sem pressa, a viver o momento sem preocupações com o amanhã.

Sentada à espera


Estava sentada numa qualquer estação à espera. Esperava o comboio, esperava a vida, esperava o sonho que se realiza.
Passavam pessoas atarefadas, passavam vidas, passavam sonhos... tal como eu, todos aqueles corpos se movimentavam por um motivo, todos eles continham uma história única.

Sentou-se ao meu lado uma senhora mais velha, teria talvez uns quarenta anos, na sua expressão via-se dor, desalento, desespero... Um corpo que não sabe bem para onde vai ou porquê.
Teve uma vida de luta, lutou para sobreviver, para fazer a vida dos seus um pouquinho mais fácil que a dela havia sido, lutou por um futuro.
Hoje, ele chegou finalmente e ela não vê por onde poderá continuar.
Perdeu tudo, está sozinha, está doente, está exausta!!

Fico perdida no momento, consigo sentir a sua essência e extinguir-se, até que no fundo dos seus olhos surge um pequeno foco de luz, inicialmente muito pequeno. Lentamente, essa luz cresce e materializa-se, vejo agora um pássaro de fogo, renascido dum monte de cinzas, brilha através da escuridão, lindo, imponente.
Com o seu gracioso voo através daquele olhar perdido parece dizer que, em cada fim, existe indubitavelmente um início...

A senhora levanta-se e sorri para mim, será que ela também o viu dentro da sua cabeça?

terça-feira, 15 de dezembro de 2009

licor beirão

Dizem que é a bebida do natal... pode ser, mas faz tremer as letras no ecrã!!!!
nossa!!! para a proxima bebo ... sei lá....

terça-feira, 1 de dezembro de 2009

Obrigada



Sei que não vais ver isto... de qualquer forma:



Obrigada
Estava a precisar que me recordasses porque é que eu gosto de ti.



Que o meu beijo te encontre logo à noite.

São demasiadas as vezes que nos esquecemos que só temos uma vida.

Passamos demasiado tempo a projectar um futuro.
Passamos demasiado tempo a remoer no passado.
Gastamos tantas lágrimas, tanta energia em tantas coisas que não são concretas.

Claro que é importante sabermos para onde é que vamos.
Claro que é importante sabermos valorizar de onde viemos.
Mas o mais importante de tudo, é saber apreciar onde estamos.

Somos criaturas que gostamos de complicar.

A grande maioria das pessoas na nossa sociedade dispõe de bem mais que o essencial para a subsistência, no entanto, estamos sempre a inventar mais necessidades. Projectamos o nosso bem estar em objectos, medimos a nossa felicidade em coisas. Abrimos mão da vida em prol de um conceito de estabilidade cada vez mais eleborado.

Nas relações familiares, substituímos o convívio pelo tempo passado em frente à televisão, computador, x-box and so on...

Nas relações pessoais passamos demasiado tempo a discutir, a exigir, a desconfiar, no fundo, a sofrer.

Num mundo um pouquinho diferente deste, as coisas são, na sua essência, tão simples:
Podíamos acordar com um sorriso no rosto.
Temos um tecto simpático (seguramente não é o melhor do mundo mas é o que temos, e o que temos é suficiente por agora), temos pessoas importantes na nossa vida (que amamos, que admiramos, que nos fazem sorrir se nós deixarmos), temos a oportunidade de fazer algo, por pequenino que seja, que contribui activamente para melhorar a vida de alguém.
Temos tudo o que precisamos para tornar o dia que chega, num dia fantástico!!

sábado, 28 de novembro de 2009

Revigorada!!

Esta quase que podia ser eu... lol


Depois de alguns (muitos) dias de total alienação do mundo real, depois de sangue, suor e lágrimas (de cansaço), chegaram finalmente os meus dois, mais que merecidos, dias de folga!!!
Dormi tanto que os dias ganharam uma dimensão meramente simbólica. Dormi, comi e dormi... dia, noite, não fez grande diferença.

É incrível como o nosso corpo exige, mais cedo ou mais tarde, a compensação pelos esforços que faz.
Eu habitualmente, não cuido muito do meu corpo e menos ainda daquilo a que chamamos mente mas nestes últimos tempos tenho sentido uma grande vontade de mudar isso.

Assim, depois de dormir tudo o que tinha direito, decidi ir até ao ginásio fazer uma aulinha de body balance.
Ao que parece é uma fusão de yoga, piltes e tai chi.
MARAVILHA!! Sinto-me nas nuvens! É certo que daqui a duas horinhas vou trabalhar mas vou cheia de genica :)

segunda-feira, 23 de novembro de 2009

Soooo tired


O corpo anda demasiado cansado para que a mente consiga pensar :(
Já me sabia bem uma noite bem dormida, já para não falar de um serão em casa... Será pedir muito?
Pelo amor da santa, a este ritmo nem ao 30 chego... deixem-me descansar!!!!!!

quinta-feira, 19 de novembro de 2009

Gosto de agulhas mas é na minha mão!!


Finalmente ganhei coragem para fazer a mais aterradora de todas as deslocações: ao DENTISTA!!!
Não punha lá os coutos desde que tive de arrancar 3 de 4 dentes do ciso :S
Eu bem queria conservar um bocadinho de juízo mas a Drª disse me logo que o remanescente também era para tirar (mini ataque de pânico na hora!!!)
Estou aqui, estou viva e, com a cara ainda meio paralisada (pareço uma infeliz vitima de trombose) tenho que admitir que não doeu nada!! Contudo... o medo irracional mantém-se, sei bem que a próxima visita irá incluir, tal como esta, suores frios, mãos que tremem e que se apertam uma na outra, um corpo tenso que abre a boca a muito custo e uma ligeira tontura (puramente psicológica) na altura da primeira injecção.
O que vale é que, mesmo após aquilo que pareceu uma pequena eternidade sem acompanhamento odontológico, só tenho 3 pequenas cáries, assim, contando com a extracção do ciso, esperam-me ao todo mais 4 visitas ao consultório...
É o que eu digo sempre, não tenho problema nenhum com agulhas... na minha mão (lol)

quarta-feira, 18 de novembro de 2009

Indignada e com razão


Das coisas que mais me irritam à face da Terra são pessoas mal formadas!!! Acho inacreditável que continue a haver gente quem falta ao respeito às outras, especialmente quando não as conhecem de lado nenhum, de forma deliberada.

Antes de mais, sinto que tenho que esclarecer uma coisa, quase todas as mulheres apreciam um "galanteio" desde que seja feito com respeito. Aumenta a auto-estima e todas nós gostamos de sentir que num dado dia estamos especialmente bonitas. Faz parte da natureza feminina, digamos assim.
Digo até mais, acho natural e saudável que se aprecie a beleza do sexo oposto. Confesso que, apesar de comprometida, ainda não me caíram os olhinhos e de vez em quando, os olhinhos também comem...

Não há nada de errado com um sorriso cortês, ainda que não totalmente bem intencionado, não há nada de mal com um "hoje estás mesmo de arrasar, aii se não tivesses namorado!...."
Agora, quando um perfeito desconhecido nos vê a cruzar a estrada e decide por-se a gritar vulgaridades, ora isso já me ofende.

Hoje deu-me vontade de dar meia volta, voltar a atravessar a estrada, ir ter com um senhor, nada bem educado por sinal, espetar-lhe com um par de estalos na fuça e dizer: "olha lá monte de merda, se a tua mãe não te deu educação, dou-ta eu agora!!"

Começo a achar que já há gente demais a ler "os piropos do trolha" no facebook!

terça-feira, 17 de novembro de 2009

À noite


Esta noite há relâmpagos sobre o mar. Vejo-os da minha janela, fico a olhar para eles, como que em transe, de tão lindos e poderosos que são.
Sento-me na poltrona perto da janela, bem enroladinha ao meu cobertor e contemplo, sinto-me pequena no meio de tanto negro e de ocasionais raios de luz. Em Inglês existe uma palavra para este sentimento: "humbelling", não me lembro de nenhuma palavra em português que descreva exactamente isto... (talvez me possam ajudar...)

Passamos os dias ocupados com as mais variadas tarefas, somos produtivos, temos funções importantes, que visam melhorar a vida dos outros ou ajudar de alguma forma, não raramente, sentimos-nos pequenos deuses, em controlo de todas as variáveis, no fundo vamos vivendo em piloto automático... mas depois chega a noite e sempre que paramos um pouquinho para ouvir o que ela tem para dizer retornamos à nossa singela condição de humanos, pequenos neste universo imenso. Olhamos para o céu e quase que nos sentimos encolher uns centímetros.

Consciencializamo-nos de conceitos que não fazem parte do nosso quotidiano, embora os conheçamos. Pequenos conceitos como o espaço, que existe muito para além daquilo que a nossa mente limitada consegue conceber, debitamos números tão grandes que não passam disso mesmo ("
O Universo tem pelo menos 156 biliões de anos-luz (um ano-luz equivale a 9,5 triliões de km) de largura") ou o tempo, tanto o que passou desde a criação do universo como aquele que ainda está para vir.

A mente enche-se de pequenas e grandes dúvidas existenciais e tentamos contextualizar as coisas, tudo se torna tão relativo, tão insignificante.
No fundo, mais não somos que um amontoado de partículas que existem desde o inicio dos tempos. Partículas essas que, despojadas do drama das vidas humanas já foram rocha, já foram verde e porque, nada se perde, nada se ganha, tudo se transforma, quando morrermos, seremos apenas pó.

No meio das minhas divagações entra no quarto uma criatura que pertence de corpo e alma a este mundo e pergunta-me:
- O que é que estás a fazer?
Eu pego no livro que estava pousado no colo e respondo que estava só a ler...


domingo, 15 de novembro de 2009

dia não!

GRRRRRRRRRRRRRRRRRRRR!!!!!
Não quero ir trabalhar!!!!!
Quero ficar em casa a ver os Simpsons como as pessoas normais!!!

Na próxima encarnação quero ser funcionária pública!!

(trabalha ovelhinha, trabalha)

Worst Movie Ever


Mais uma noite de cinema.
Tenho que confessar que sou uma adepta fervorosa de filmes de acção que não obriguem a pensar e, se os efeitos especiais forem "muito à frente" melhor ainda.
Carros a voar, heróis que não morrem, Bruce Willis, venham eles!!!!

Escolha óbvia: "2012" de Roland Emmerich. O fim do mundo civilizado, milhões (nei, biliões) de mortes, fenómenos naturais de proporções bíblicas, tudo o que é preciso para uma noite de morte cerebral com estilo :D

Vou ao "Amoreiras" (não punha lá os pézinhos há quase 10 anos), no cartaz por cima da bilheteira lia-se "Sessão das 21h - ESGOTADA". Bolas!!! Lá nos dirigimos nós para outro centro comercial, a fila estava aceitável e por sinal ainda havia bilhetes.
Chega a nossa vez. Diz a srª por trás do balcão: "Já só temos bilhetes para a plateia VIP". Venham eles.

Plateia VIP, adorei! Durante o filme bebemos uma garrafa de champanhe (rasquito), umas bejecas e comemos pipocas até elas nos começarem a saltar pelas orelhas, ahhh e as poltronas são o máximo!
Foram todas estas mordomias (e o alcool) que me impediram de chorar 30minutos depois do inicio do filme: É TÃO MAU QUE ATÉ DOÍ!!!!!!!!

Os efeitos especiais têm uma definição brutalíssima, é o único elogio que posso fazer ao filme...
O argumento não tem ponta por onde se lhe pegue e quando os carros começam a voar por todos os lados... chega a ser triste, tanto descabimento...
A opinião pareceu-me generalizada, na saída, ouvi múltiplas críticas bem mais severas que a minha...

sábado, 14 de novembro de 2009

Rapariga, tu só dizes disparartes!

Poema 1, 2, 3

Umas quantas rimas fáceis
Muito mais ideias tolas
Tenho umas botas novas
Acho que vou pô-las

Logo vou ao cinema
Comer pipocas doces no escuro
Incluo-o neste poema
Porque é entretenimento puro

Lá para a madrugada
Já depois duns quantos copos
Começa a palhaçada
Minha nossa, a vida é dura!



Ps- eu não sou poeta, não, não sou poeta, não te sei falar d'amor lá lá lá...




When I put on my thinking cap nobody stops me!! he he

Esta segue a pedido...


Para todos os fãs do Dr. Ricardo Reis, aqui fica um dos meus preferidos:


Quem nos ama não menos nos limita
Não só quem nos odeia ou nos inveja
Nos limita e oprime; quem nos ama
Não menos nos limita.
Que os deuses me concedam que, despido

De afectos, tenha a fria liberdade
Dos píncaros sem nada.
Quem quer pouco, tem tudo; quem quer nada
É livre; quem não tem e não deseja,

Homem, é igual aos deuses.

Odes/ Ricardo Reis


Como lhe é característico, é uma perspectiva bastante sombria da vida mas no meio das palavras duras surgem algumas verdades difíceis de ignorar, ou até mesmo, contornar.
São muitas as vezes que me identifico com este poema mas, como eterna optimista (ou pessimista mal informada ;)) centro-me sempre no "quem quer nada é livre", lembrando que esta é a condição que melhor nos permite apreciar melhor tudo o que surge na nossa vida...

quinta-feira, 12 de novembro de 2009

Amor do mais puro


Como já vos disse, os meus putos (leia-se sobrinhos, que ainda não tive disso) estão doentes e o benjamim da familia é o que está mais em baixo.


Aqui do fundo das escadas só oiço é tossir e gemer e francamente está a dar cabo de mim não poder fazer nada para que ele se sinta melhor!!!


As urgências estão ABSOLUTAMENTE fora de questão (embora na publicação anterior não pareça, eu gosto muito dos meus miudos ;)). Os anti-gripais da praxe já fizeram por ele o que podiam e o leitnho quente com mel também.

Sei que ele amanhã já vai estar melhor, independentemente disso, acho que nas últimas horas já lhe tirei a temperatura umas 4 ou 5 vezes e os números não me convencem.


Será que hoje em dia criamos as crianças em redomas? Eu não me lembro de ver a minha mãe a ter ataques de pânico cada vez que eu dava um "ui".


Será que um dia vou ser uma daquelas mães histéricas que por tudo e por nada fazem um drama? Espero bem que não mas a verdade é que quando se trata das nossa crianças, gostavamos de poder protege-las de todo o mal que há no mundo (fisica e psicologicamente).


Enfim, fui ve-los a dormir e só me apetece dizer que os amo muito.

quarta-feira, 11 de novembro de 2009

Living together in harmony















Neste mundo de pantanas há coisas que me fazem rir "às bandeiras despregadas".


Hoje estou de ama seca. A mana teve que ir trabalhar e lá fico eu com a crinaçada.

Estes putos são uma mão cheia, só estão bem quando estão à bulha mas por sinal tenho o trabalho muito facilitado, tá tudo doentinho, faces rubras, temperamento apagado. Apesar de mais dóceis, cheguei à conclusão que gosto deles saudaveis :P


Enfim, pandilha na cama e a bicharada fica louca!

A mana, não contente com 3 filhos paridos, achou por bem adoptar 2 gatos e 3 cães...

As estrelas do circo são o gatinho laranja bebé e o Rotweiller ainda juvenil. Tenho estado aqui encantada a ver como é que uma criatura de quase 30 kg e uma que nem 2 kg tem conseguem lutar por tudo e por nada (aprenderam com os putos, concerteza) sem se magoarem.



O desgraçado do Golias acaba sempre a perder porque o safado do gato não tem vergonha nenhuma na cara (focinho, neste caso).

A laranjinha mecanica tem grande habilidade para emboscadas e assim vai-se meter com o Golias e depois pernas para que vos quero; fica à espreita atrás da ombreira da porta; o cão vai à procura da vingança e mal cruza a porta... eis que já tem uma pulga ruiva a saltar-lhe p´ras costas e a morder-lhe o cachaço.

O fedelho salta para o chão e o Golias olha-o por um momento e depois põe-lhe a pata em cima com muito jeitinho. Este último acto, tão gracioso e articulado fica, no mínimo, ridiculo vindo de um mostrengo grandalhão a desajeitado que, segundo a crença popular, é uma das bestas mais perigosas que cruza os nosso passeios.

As correrias continuam mas a amizade é tanta que, após um indesculpavel momento de distração minha, vou dar com estas duas avantesmas a comerem JUNTAS os ossos do jantar que foram resgatar do eco-ponto. Mando um berro!! O golias encolhe-se o mais que pode e faz aqule olhinho caido de cachorro vira-latas, acho que queria desaparecer. O ordinário do bebé, pega no ossinho mais "transportável" que encontra e lá vai ele a correr pela casa fora para salvaguardar o petisco nocturno...


Perante o espetáculo, a minha grande dúvida é só esta: é o cão que pensa que é um felino ou é o gato que pensa que é um canídeo?!?


Fosse eu mais prendada e filmava um bocadinho para vos mostrar, as minhas palavras não chegam, de facto, para contar esta história mas olhem... quem dá o que tem a mais não é obrigado! ;)

terça-feira, 10 de novembro de 2009

O que queres que eu faça?

O que é que eu faço contigo?
Somos de universos opostos.

Eu sou uma cientista com uma alma literária; tu és um literário com a mania de questionar tudo.
Eu sou (ou era) uma apaixonada disfarçada de distante; tu és um distante disfarçado de sei lá o quê...
Eu sou "tudo ou nada"; tu és "amanhã logo se vê".

Eu fui tudo; tu foste nada.
Eu dei-me; tu perdeste-me.
Eu fico na esperança; tu tens esperança que eu fique.
Eu quero que tu mereças; tu não fazes por merecer.

Eu não te entendo; tu não me entendes
Será esse o único ponto em comum?

Cada vez que olho para nós, a discutir em línguas diferentes, só me consigo lembrar do início.
Eu amava-te, achava-te o máximo. Tu sorrias, não me tiravas as mãos de cima.
Dei-te tudo o que tinha de bom; tu desiludiste-me, subvalorizaste-me.
Agora aqui estou, não tenho nada para te dar; tu queres-me de volta mas não sei se tens o que é preciso para me reconquistar.
Eu bem te peço; tu falhas sistematicamente.

Já me perdeste, é só uma questão de tempo já que tirares um coelho da cartola está fora de questão...

Mundos estranhos























Chama-se Jenny Terasaki.
Estou deslumbrada com a sua visão.
Podem ver mais do seu trabalho no Flickr.

Poeta fingidor

Meu adorado poeta fingidor...

Obrigada por com o teu talento conseguires dizer tudo o que eu sinto mas não sei expressar.
Nas tuas deambulações salvas-me, ao procurares uma pele que te sirva neste mundo inspiras-me.

Tenho mais almas que uma

"Vivem em nós inúmeros;
Se penso ou sinto, ignoro
Quem é que pensa ou sente.
Sou somente o lugar
Onde se sente ou se pensa.

Tenho mais almas que uma.
Há mais eus que eu mesmo.
Existo todavia
Indiferente a todos.
Faço-os calar; eu falo

Os impulsos cruzados
Do que sinto ou não sinto
Disputam quem eu sou.
Ignoro-os. Nada ditam
A quem me sei: eu'crevo."

Ricardo Reis
Com os meus ténis brancos, impolutos, caminho sob toda a podridão do mundo.
Sorrio para as pessoas e finjo que as compreendo.
Elas sorriem de volta e fingem que acreditam.

Quer pouco: terás tudo
Quer nada: serás livre

Ricardo Reis

Pelo menos por hoje eu sou livre.

Não quero o que queria e não posso ter, nem penso nisso.
Não quero lutar por te entender
Não quero lutar por que me entendas.

Ficamos assim, juntos, olhando um para o outro através do abismo e fingimos que os nossos corações se tocam.

"O solista"


Vim agora do cinema. Sessão da meia noite. Sozinha. Sala quase vazia. Um filme de perder a cabeça.
É tudo o que se quer quando se vive num estranho mundo como o meu ;)

"O solista" conta a história verídica dum músico, minto, dum génio musical, dum ser que vive e respira por cada nota que toca e que imagina ouvir tocar na sua cabeça.

O que torna a história tão interessante? Bem, toda a gente "gosta" de pobres criaturas des-adaptadas... e o Nathanlel Ayers é um ex-aluno da Juilliard que vive na rua e é descoberto por um jornalista que decide escrever a sua história.

Tal como eu, embora por motivos diferentes, este musico acordou um dia e descobriu que não compreendia o mundo, isto porque começou a ouvir vozes (felizmente não é o meu caso, pelo menos por enquanto...). Deixou de conseguir tocar na sinfonia, de estar dentro duma casa e de comunicar de forma dita normal com as pessoas.

O jornalista embrenha-se no mundo do Nathanlel, apaixona-se pelo seu amor pela musica e, na tentativa de ajudar este desgraçado, redescobre o seu amor pela vida e é salvo duma existência medíocre!
É lhe devolvida a garra, a força para lutar suas crenças, a paixão que nos torna humanos.

E este mundo de paixão e de garra eu compreendo. Nos meus sonhos há um fogo que arde dentro de todo e qualquer coração que tenha uma razão para bater.

Saí do cinema a saltitar e a trautear Beethoven, passei pela aldeia do pai natal e vi uma rena a abanar a cabeça às tantas da manhã (spooky), perdi-me no parque de estacionamento e pensei: nem tudo neste mundo é tão incompreensível assim...

segunda-feira, 9 de novembro de 2009

Tear down this wall


Neste mundo paralelo em que um dia acordei, acontecem coisas que não entendo por mais que tente.

Como é que se explica que gente grande divida um país com um muro?
Faz-me lembrar a minha irmã na adolescência, como ela não queria que a maninha mais nova mexesse nas coisas delas fez uma linha com fita cola pelo chão do quarto, linha essa que eu não podia atravessar sob pena de se cumprirem as mais vis promessas de tortura...

Aconteceu na Alemanha e à 20 anos que ganharam juízo mas infelizmente continua a acontecer em outras partes do mundo - na Palestina.

Novo mundo, velho mundo...

Toca o telemóvel, o vil objecto desperta-me para a vida dos compromissos roubando-me o mundo dos sonhos sem qualquer pudor.

Ao abrir os olhos tudo parece igual, a mesma cama demasiado pequena, as mesmas paredes, os mesmos objectos, o caos por todo lado.

Abandono o conforto quente e seguro e maquinalmente dou início à rotina, preparando-me para mais um dia: despe, veste, come, bebe, escova, lava, arruma, sai.

Ao chegar à rua tudo me é familiar, já vi esta imagem milhares de vezes e ainda assim, no fundo da nuca sinto um arrepio, um aviso de que nem tudo é o que parece.

Passa por mim um casal, certamente a caminho do café antes do trabalho. Os seus lábios movem-se de forma alternada, deles sai som mas não são palavras, pelo menos não são palavras que eu conheça, serão estrangeiros? Olho melhor para eles, para tentar descobrir algum traço fisionómico que me de uma pista da sua origem.

Merda!!! O que é que se passa? Eu conheço-os, já os vi várias vezes... mas há algo diferente neles, não sei dizer o quê. Fico tão consternada com esta evidência que me dirijo também para o café. Ao chegar, vejo atrás do balcão uma mulher que certamente também conheço. Olha para mim e desata numa patacoada incompreensível, vai mostrando os dentes e esbracejando. Neste momento sinto-me apavorada, não consigo abrir a boca para que se solte um pedido de ajuda. A mulher atrás do balcão age como se tivesse sido sempre assim, parece saber o que quero. Coloca à minha frente uma chávena pequena com uma espuma castanha que obscurece um liquido amargo e escuro por baixo.

Olhando fixamente para o líquido tento compreender. Só posso ter sido enviada por alguém ou alguma coisa para um mundo paralelo, um mundo em tudo semelhante ao meu mas que não o é. Só pode ser um engano, erro, brincadeira de mau gosto, malvadez! Ou... estarei eu no mesmo mundo de sempre só que neste preciso instante descobri que não é o meu lugar, que não lhe pertenço?

Deixo um circulo de metal timbrado em cima do balcão, viro costas e saio. Chego à rua, faço uma pausa, inspiro fundo, encho-me de coragem e acendo um cigarro.

Seja que mundo for este vou ter que enfrenta-lo.

Recomeçar

Vocês não me conhecem, aliás, ninguém me conhece.
Por trás duma aparência responsável e feliz existe todo um universo de sonhos, sentimentos, dúvidas e inadaptação.

As máscaras que uso são mais que muitas, ainda não encontrei um personagem com o qual me sinta confortável. Mudo de pele como as cobras, tentando encontrar uma que sirva, tudo me aperta, limita, constringe.

De tudo o que faço, nada se enquadra e acaba por ficar pelo caminho, e contudo, qualquer pessoa diria que sou bem sucedida em quase tudo (tolos, nem sonham).

Esperemos que o destino deste blog seja diferente do dos seus antecessores, esperemos que viva, esperemos que cresça e que com o tempo não me sufoque.

Sejam bem vindos ao meu estranho mundo.