quarta-feira, 16 de dezembro de 2009

Sentada à espera


Estava sentada numa qualquer estação à espera. Esperava o comboio, esperava a vida, esperava o sonho que se realiza.
Passavam pessoas atarefadas, passavam vidas, passavam sonhos... tal como eu, todos aqueles corpos se movimentavam por um motivo, todos eles continham uma história única.

Sentou-se ao meu lado uma senhora mais velha, teria talvez uns quarenta anos, na sua expressão via-se dor, desalento, desespero... Um corpo que não sabe bem para onde vai ou porquê.
Teve uma vida de luta, lutou para sobreviver, para fazer a vida dos seus um pouquinho mais fácil que a dela havia sido, lutou por um futuro.
Hoje, ele chegou finalmente e ela não vê por onde poderá continuar.
Perdeu tudo, está sozinha, está doente, está exausta!!

Fico perdida no momento, consigo sentir a sua essência e extinguir-se, até que no fundo dos seus olhos surge um pequeno foco de luz, inicialmente muito pequeno. Lentamente, essa luz cresce e materializa-se, vejo agora um pássaro de fogo, renascido dum monte de cinzas, brilha através da escuridão, lindo, imponente.
Com o seu gracioso voo através daquele olhar perdido parece dizer que, em cada fim, existe indubitavelmente um início...

A senhora levanta-se e sorri para mim, será que ela também o viu dentro da sua cabeça?

Um comentário:

  1. Invejo-te por teres visto isso, e agradeço-te por o teres partilhado :)

    O corpo apenas nasce e morre, são os sonhos que fazem o caminho.

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